O que é inteligência emocional e porque ela é importante!
- psicologadamaterni
- 15 de jul. de 2024
- 9 min de leitura
Olá! Eu me chamo Mariana e sou psicóloga de mães de bebês e crianças. Minha área de atuação é justamente com a maternidade! E a minha missão é te mostrar o caminho para criar filhos felizes, que tenham sucesso e mais satisfação com a vida, através do desenvolvimento de inteligência emocional.
Se você está aqui é porque você deseja oferecer ao seu filho uma educação que ensine-o a viver bem consigo mesmo e com os outros, além de reagir às exigências da vida com confiança, serenidade e sabedoria. Tudo isso, para que ele sofra menos que você, tenha menos problemas emocionais que você, tenha melhores oportunidades que você, e assim, tenha mais chances de ser feliz e ter sucesso.
Portanto, estamos falando de utilizar as situações cotidianas para favorecer o desenvolvimento da Inteligência emocional.
O que é isso? Habilidades como resiliência, empatia, fluência de ideias, boa relação interpessoal, foco em solução de problemas. Cada vez mais, habilidades assim se destacam como diferenciais para o mercado de trabalho. Em pouco tempo, inclusive, essas virtudes deverão compor o rol de exigências básicas em processos de seleção de pessoas.
A inteligência emocional nada mais é do que a capacidade de expressar emoções e construir relacionamentos. Segundo Daniel Goleman, autor de best-sellers como Inteligência Emocional – A teoria revolucionária que redefine o que é ser inteligente. Para ele, a sobrevivência e o crescimento de um projeto – seja ele profissional, acadêmico ou pessoal – não dependem apenas de conhecimentos técnicos, mas do modo como se lida com pessoas e emoções.
Vamos entender melhor isso:
você certamente conhece pessoas que:
· São tão perfeccionistas que não conseguem ser objetivas. Perdem tempo, não entregam resultado, sofrem e se preocupam mais do que deveriam porque precisam revisar cada vírgula
· São excessivamente tímidas e têm dificuldade para se relacionar com pessoas e trabalhar em grupo,
· Não sabem se comunicar direito
· São inseguras e ansiosas e isso prejudica o desempenho numa prova ou no trabalho
· Ficam tão nervosas para falar em público que não conseguem ou não se desempenham bem
Enfim, já deu pra perceber que as questões emocionais afetam diretamente a capacidade técnica. Você pode ser um excelente profissional, ter muita competência técnica, mas, se vc não souber lidar com suas emoções, pode não desenvolver seu potencial máximo e ainda perder oportunidades por causa disso.
É justamente o que diz alguns estudos realizados na Universidade de Harvard, somente 15% dos nossos resultados estão ligados a nível de desenvolvimento técnico, enquanto os outros 85% estão ligados a questões de habilidades e atitudes.https://www.sbie.com.br/blog/a-importancia-da-inteligencia-emocional-na-sua-vida-profissional/
E ainda, ser inteligente (QI) é um dos princípios para conseguir um bom emprego, mas são as habilidades emocionais que vão definir a permanência da pessoa na empresa e lhe garantir sucesso profissional.
Portanto, inteligência emocional segundo Daniel Goleman diz respeito “à capacidade de identificar nossos próprios sentimentos e dos outros, de nos motivarmos e gerirmos os impulsos dentro de nós e em nossos relacionamentos”.
A essência da inteligência emocional, então, é entender as emoções e sentimentos e usar isso racionalmente para melhorar nossas relações, seja no âmbito profissional ou pessoal.
Imagine manter a calma e a serenidade ficando livre do desespero quando acontece um problema no trabalho?
Além disso, analisar o ocorrido, pensar estrategicamente e achar uma solução. E, melhor ainda, depois do episódio, conseguir planejar processos que evitem as falhas ocorrerem novamente. Quem não quer ser assim?
A boa notícia é que a inteligência emocional é uma habilidade que pode ser trabalhada e desenvolvida como qualquer outra.
A infância é considerada o melhor período para começar a ensinar e exercitar a inteligência emocional, uma vez que, o quanto antes forem estimuladas as habilidades que a envolvem, maior a possibilidade de se tornarem respostas naturais às situações e, principalmente, aos desafios.
Mas, como a maneira que você educa seu filho pode favorecer o desenvolvimento da inteligência emocional?
Primeiro, eu vou te dizer o que não favorece o desenvolvimento da IE:
· Bater
· Castigar
· Punir
· Humilhar
· Chantagear
· Ser permissiva
Ah, você pode estar pensando: lá vem essa conversinha de psicólogo que não pode bater!
A ideia de que precisamos sofrer para aprender é antiga! Vem desde a época da colonização de nosso país: “Foram os capuchinhos que introduziram o uso do castigo físico em crianças no Brasil, pois os índios não o faziam com seus filhos (Azevedo & Guerra, 2010). Desde a colonização com os jesuítas existia a prática dos castigos corporais. Os açoites e castigos eram usados como formas de extirpar vícios e pecados dos pequenos indígenas (Priore, 1996). A visão da infância trazida pelos europeus ao Brasil era de uma concretização do pecado cometido entre os pais que geraram a criança (Costa, 1983)”.
As formas e intensidade dos castigos mudaram, mas a crença de que crianças precisam sofrer para aprender, persiste até os dias atuais.
Essa ideia vai justamente na contramão do que os mais recentes estudos científicos apontam: de que o cérebro em desenvolvimento pode ser prejudicado diante de traumas e estresse crônico e que a afetividade favorece o aprendizado.
O conhecimento sobre o desenvolvimento do cérebro e do comportamento infantil evoluiu MUITO nos últimos anos. Há muitos estudos sobre o cérebro que validam o que será ensinado aqui. Portanto, entender as mudanças que ocorreram na sociedade e que têm impacto direito no comportamento das crianças (e dos pais), bem como conhecer o que temos de mais recente em estudos científicos que nos ensinam como funciona o cérebro de uma criança, pode, sem dúvida, esclarecer muita coisa e facilitar a sua atuação como educadora.
Qual criança você acha que está desenvolvendo IE no exemplo abaixo:
1. A criança derrubou um copo de água:
a) “sua desastrada. Olha o que vc fez. Presta atenção”
b) “tudo bem, filho. Acontece. O que vc faz agora? E a criança mesmo limpa a sujeira que fez
2. A criança que vai no parquinho mas não empresta o brinquedo pra ninguém:
a) Tem que emprestar. Desse jeito ninguém vai querer brincar com vc. Vc vai ficar sozinha.
b) Filho, seu amigo está querendo brincar com o seu brinquedo. Você poderia compartilhar? Olha, talvez ele esteja interessado no seu brinquedo porque é diferente pra ele. Vocês não gostariam de trocar? Você podia brincar com o dele e ele com o seu e depois vocês devolvem, que tal?
3. A criança que bate no amiguinho
a) Apanha de volta ou a mãe fica furiosa, coloca de castigo imaginando que a criança vai aprender a não bater mais porque ficou no quarto de castigo ou porque não vai mais ganhar um presente ou não vai poder assistir tv. Na verdade, o que a criança está aprendendo é: ficar com raiva e magoada, tornando-se rebelde ou pensando em como pode fazer escondido da próxima vez, decidindo que não pode confiar nos adultos e que ela é uma pessoa má. A criança pode até interromper o comportamento naquele momento por medo da punição. Ela não quer apanhar. Ela entendeu que não pode bater porque sofrerá punições e não teve a oportunidade de desenvolver a empatia. Percebe? Na próxima vez que ela ameaçar bater em alguém, a mãe dirá: lembra que da última vez que vc fez isso, vc ficou de castigo. Então, a criança não faz por medo da punição e não porque aprendeu, de fato, a lição.
b) Filho, o que aconteceu que vc bateu no seu amigo? Vc acha certo bater porque ele não queria te emprestar o brinquedo? Como vc poderia ter resolvido isso de outra forma? Olha lá: ele está chorando. Como vc pode ajuda-lo a se sentir melhor? Que tal fazer isso? Percebe que essa criança tem a oportunidade de desenvolver empatia e resolver o problema que causou. Isso é desenvolver inteligência emocional enquanto se educa.
4. A criança cuja mãe faz por ele o que poderia fazer sozinho:
a) dá comida pra ser mais rápido e não sujar; veste-o para ser mais rápido, dá banho, escova os dentes, etc. Essa criança está perdendo a oportunidade de aprender a cuidar de si e servir os outros, podendo leva-la a acreditar que precisa ser sempre servida, que precisa sempre ter gente cuidando dela, porque ela mesma não dá conta. Essa criança está sendo amputada no seu desenvolvimento emocional.
b) A mãe deixa o filho fazer aquilo que ele já sabe fazer e lidar com as consequências. A mãe supervisiona, instrui, treina e acompanha, incentivando a criança a desenvolver autonomia. Essa criança tem mais chance de se sentir capaz e desenvolver a autoconfiança.
5. A criança cuja mãe poupa-a de sofrer decepções ou frustrações
a) Essa criança aprende que não aguenta uma decepção. Isso não é encorajador porque não estimula os músculos da frustração e a criança cresce acreditando que não sobrevive à decepções e só se sente amada quando tudo é feito do jeito dela.
b) A mãe não muda o mundo para poupar o filho, mas deixa a criança lidar com as frustrações que são naturais da vida, acolhe e valida os sentimentos, mas não atende á todos os desejos do filho. Será que essa criança está desenvolvendo a IE quando é educada assim?
Eu poderia dar inúmeros exemplos, mas o fato é que queremos criar filhos responsável, resiliente, honesto, compassivo, confiante, corajoso e grato, por exemplo. Então você precisa saber que, desde os primeiros momentos da vida de seu filho, as decisões que você tomar como mãe vão ajudar a moldar o futuro dele. Cada decisão tomada pode nutrir ou desencorajar essas qualidades que você quer promover.
E aí vc pode estar pensando que o desenvolvimento da IE será importante apenas para o futuro do seu filho. Mas não!
Profissionais que estudam o desenvolvimento infantil sabem que crianças com inteligência emocional apresentam rendimento escolar avançado, menores níveis de estresse e, ainda, maior capacidade de lidar com os desafios e de estabelecer relações positivas e felizes. Além disso, os benefícios se estendem para a vida adulta, nos âmbitos pessoal, social e profissional.
Desse modo, pode-se dizer que os benefícios não se restringem ao momento em que os indivíduos são crianças, mas valem para toda a vida, já que, em geral, os adultos mais bem-sucedidos, seguros e felizes tiveram uma boa educação das emoções.
IE, portanto, não tem a ver apenas com sucesso profissional, mas com mais saúde mental e mais chances de ser feliz e ter satisfação com a vida.
Pessoas que se sentem pertencentes e conectadas à suas famílias têm mais chances de se sentirem seguras. Sentir-se assim, por sua vez, favorece o desenvolvimento de uma boa autoestima e da autoconfiança – bases fundamentais para o desenvolvimento de outras habilidades e de relacionamentos sociais saudáveis. Faz sentido isso pra você?
As crianças que conseguem desenvolver um senso de importância e aceitação de si e dos próprios atos perante o mundo, reconhecem que devem valorizar a própria vida e buscar relacionamentos em que também são respeitadas.
Crianças que são ensinadas a entenderem a perspectiva da outra pessoa, conseguem desenvolver empatia.
Ao desenvolver a autoestima e a empatia, as crianças se tornam capazes de responder de forma mais adequada aos problemas que aparecem em suas vidas. Eles tendem a se tornar adultos independentes, porque são mais seguros de si e têm habilidades para tomar as próprias decisões.
Sem receber punições rígidas, os filhos são ensinados a lidar com os próprios erros com mais responsabilidade e com menos medo de falhar, devem ter mais ousadia para criar sem receio de ser julgados por si mesmos e pelos outros.
Falar de IE não é falar de como vou fazer meu filho me obedecer ou como vou fazê-lo se comportar bem. É muito mais do que isso. Se comportar bem é a consequência, não a causa. Se comporta bem a criança que está tendo um bom desenvolvimento emocional, porque, geralmente, o mau comportamento é um sintoma de que algo não está indo bem.
IE também não tem a ver só com sucesso profissional, embora ela favoreça e muito, conforme, já vimos.
No meu entendimento, falar de educar com IE é oferecer oportunidades para que nossos filhos não tenham os mesmos sofrimentos emocionais que nós temos: lutar pra ser perfeito, para agradar todo mundo, não saber se posicionar porque não consegue falar não, não consegue contrapor nem se defender, luta pra se sentir importante e aceito, é inseguro e ansioso...
Enfim, imagine seu filho tendo estudado em ótimas escolas, ser muito bom no que faz, muito competente, mas, não sai de casa porque tem depressão. Ou, não consegue trabalhar porque sofre com síndrome do pânico. Percebe como o emocional é muito mais importante do que p intelectual?
Com isso eu não estou dizendo que quem tem IE não vai ter nenhum transtorno mental ou nenhum problema emocional. Não. Mas, a pessoa que tem um autoconceito positivo, que se gosta, se valoriza, respeita o outro, sabe acolher as próprias emoções, que se relaciona bem com as pessoas e tem um bom convívio social, essas pessoas têm menos chances de adoecer mentalmente. Ou, a pessoa que, quando erra, ao invés de ficar se sentindo a pior pessoa do mundo porque errou, ou desesperada, sabe enxergar onde está o erro, como resolver o problema e como evitar problemas futuros com sabedoria e serenidade.
Portanto, falar de educar seu filho a fim de favorecer que ele desenvolva a IE é falar de fornecer uma excelente base emocional sobre a qual possam se desenvolver rumo à felicidade, satisfação com a vida e sucesso.
A educação é mais do que ensinar a dizer “por favor” ou “obrigado” ou a se comportar bem. Educar é ensinar habilidades úteis para a vida e precisa ser pensada à longo prazo.
Será que você está ajudando o seu filho a desenvolver as habilidades que ele vai precisar futuramente para a vida pessoal, acadêmica e profissional?
Imagine seu filho sentindo-se confiante enquanto vive bem consigo mesmo e com os outros, e reagir às exigências da vida com confiança, serenidade e sabedoria?
Comece hoje mesmo a mudar sua maneira de educar! Aproveite as situações do dia a dia para ensinar seu filho a ser paciente, a enxergar o ponto de vista do outro, a se acalmar antes de lidar com os problemas, a lidar com as consequências do que faz, a buscar soluções, a falar e conversar.
Ensino respeito ao respeitar. Ensine foco em solução de problemas ao permitir que seu filho aprenda com os erros. Ensine autocontrole conforme você se acalma para falar com seu filho e lidar com os problemas que precisarem.
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